sexta-feira, 30 de maio de 2008

campanha solidária

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tenho uma tradição a zelar e contas a zerar... mas, pra não ficar (muito)
vago, a PZ, 5 meses após seu acesso ter se tornado pago, tem mais assinantes
do que mereço e menos do que preciso pra me tornar efetivamente livre - e, aí,
"perigoso"

Pirata Z, um Punk...
pero sin perder la ternura...

Foto: Giselle Dietze

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fábula de um Arquiteto

(poema de João Cabral de Melo Neto)


A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.

O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

2.
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.




PS: apesar de ter abandonado a arquitetura esse poema continua me emocionando.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

rastros

um poema deve ser borrado
como se borra a boca de batom
num beijo...
um poema deve ser bem melado
como num coito desaforado...

um poema de amor foi encontrado
nu
em motel barato
lambuzado
de batom e porra...

terça-feira, 20 de maio de 2008

uma vida em 18mm

surgiu assim, diante de mim, do nada, uma folha em branco. não sei exatamente o que escrever. poderia rasgá-la mas acho que não devo... uma nova história precisa ser criada, não assim, do nada. mas a partir das minhas angústias, minhas ansiedades, meus sonhos... só preciso de uma câmera na mão porque não quero escrevê-la, nem desenhá-la, quero rodá-la em película, quero movimento... AÇÃO! plano seqüência girando-girando...subindo-descendo...avançando-recuando...ondulando... CORTA! e no fim, projetá-la numa tela em branco que surgirá assim, diante de mim, do nada...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A Inocência

O conto a seguir foi escrito e publicado originalmente em 2006, em meu antigo blogue (já desativado), com o título: As Cartas.

Magnólia não gostava de emeios. Ela gostava de cartas, todo tipo de carta: cartas de baralho, cartas de tarô, cartas geográficas e também aquele tipo de carta escrita à mão que algumas pessoas ainda enviam umas para as outras, via Correio.

Alguém aí já enviou cartas de amor pelo Correio?

Por gostar tanto de cartas Magnólia acabou indo trabalhar no Correio de sua pequena cidade, Grafolândia, e especializou-se em abrir e fechar os envelopes das cartas sem que ninguém percebesse. Ela fazia isso não porque fosse mexeriqueira ou tivesse interesse no conteúdo das cartas mas sim porque gostava de apreciar a grafia das letras. E as grafias eram muitas e diversas: umas gordinhas e baixinhas, outras magras e altas, umas inclinadas para o lado direito, outras inclinadas para o lado esquerdo, algumas bastante claras e legíveis, outras muito barrocas, quase ilegíveis. E eram estas últimas as suas prediletas porque podia ater-se totalmente na grafia: como disse anteriormente, à Magnólia não interessava o conteúdo das cartas.

Aí então ela tirava cópia dessas cartas na copiadora vizinha ao correio e o dono da xerox era seu conivente e apreciador da técnica do calígrafo.

O que Magnólia fazia depois com essas cópias?

Bem, ela datava-as, emoldurava-as e pendurava-as nas paredes da sua singela casinha como verdadeiras obras de arte junto às cartas geográficas, às cartas de baralho e às cartas de tarô.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

Abaixo a taxa de telefone!

Essa eu peguei do blogue do Pirata:

A mensagem abaixo me foi repassada pelo cineasta Ivo Branco.

CANCELAMENTO DA TAXA TELEFÔNICA

INTERESSE DE TODOS: cancelar a taxa do telefone - R$ 40,37 (residencial) e R$ 56,08 (comercial)

Quando se trata do interesse da população, nada é divulgado.
Esse tipo de assunto NÃO é veiculado na TV ou no rádio, porque eles não têm interesse e não estão preocupados com isso. Então, nós é que temos de correr atrás - afinal, quem paga somos nós!

Ligue, de segunda a sexta, das 08:00 hs às 20:00hs, 0800-619619.

É o DISQUE-CAMÂRA.
Não digite nada. Espere para falar com uma atendente.

Diga que é para votar a favor do cancelamento da taxa de telefone fixo.

O Projeto de Lei é o de nº 5476.
Eles não sabem até quando vai a votação.
Não pague mais assinatura de telefone fixo.
Será uma economia muito grande no final do ano.

Entrando em vigor esta lei, você só pagará pelas ligações efetuadas, acabando com esse roubo que é a assinatura mensal.
Este projeto está tramitando na 'COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR', na Câmara. Quantos mais ligarem, maior a chance.
O BRASIL AGRADECE!

Não adianta a gente ficar só reclamando.
Quando podemos, devemos tomar alguma atitude...
O telefone a ser discado (0800-619619) é da Câmara dos Deputados Federal.
Ligue para mudar esta situação.

Repasse esta mensagem para o maior número possível de pessoas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

às vezes a realidade imaginária me parece mais autêntica que a própria realidade em si.
serei eu uma louca escapista?

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ettore Sottsass


Ettore Sottsass (1917-2007), arquiteto e designer austríaco, radicado na Itália, foi o inventor da famosa máquina de escrever Valentine da Olivetti (1969) ícone da pop art. Sottsass também foi o criador do grupo Memphis (nome inspirado numa canção de Bob Dylan) em 1981, com design bem colorido inspirado no art déco e na pop art.

Podem ter certeza, o design que está presente em nossas vidas, desde talheres às calculadoras portáteis, das torneiras ao mobiliário, têm o traço, ou foram inspirados no design do grupo Memphis. E Ettore Sottsass é um dos grandes nomes do desenho industrial no mundo.

Para saber mais sobre Sottsass, arte, história, ciência... sempre com muitas ilustrações, clique em BibliOdyssey.blogspot.com

sábado, 3 de maio de 2008

maio de 68

"o poder ao povo"
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PS: Imagem de autor desconhecido.

Les murs ont la parole; Journal Mural Mai 68,citations recueillies par Julien Besançon. Paris : Tchou Éditeur, 1968.São mais de 1000 frases escritas com revolta, suor e lágrimas - e amor juvenil -nos muros da Sorbonne, do Odéon, de Nanterre,em Paris, no famoso Maio Francês de 1968. Eis aqui a história viva do momento/movimento em frases que revelam as mais diversas tendências políticas e sociais: Exagerar é começar a inventar/ A poesia está nas ruas/ Somos todos "indesejáveis"/ Decreto o estado de felicidade permanente/ Morte aos acomodados /Todos os reacionários são tigres de papel/ Aqui se pensa/ Se você pensa pelos outros,os outros pensarão por você/ Ser livre em 1968 é participar/ Nenhuma liberdade aos inimigos da liberdade /Tudo é dadá/ Abrace teu amor, sem descuidar-se de teu fuzil/ Abaixo a sociedade espetacularizada-mercantilizada/ Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é/ A arte é merda /A felicidade é uma idéia nova para as Ciências Políticas/ A liberdade é o direito ao silêncio/ O tédio transpira /Todo poder abusa. O poder absoluto abusa de forma absoluta/ Eu sou buceta/ Violai vossa ALMA MATER/ Aqui, o espetáculo da contestação. Contestemos o espetáculo /A vida está além/ A ação instaura a consciência/ A política se faz na rua /Um pensamento estagnado é um pensamento apodrecido/ Revolução, eu te amo/ As restrições impostas ao prazer excitam o prazer de viver sem restrições/ Nem Senhor, nem Deus. Deus sou eu/ A Revolução deve se fazer nos homens antes de se realizar nas coisas/ Nem robô, nem escravo/ Reforme o meu cu/ Inventai novas perversões sexuais/ É proibido proibir. A liberdade começa por uma proibição:a de prejudicar a liberdade de outra pessoa /A floresta precede o homem, o deserto o segue /A novidade é revolucionária, a verdade também/ O álcool mata. Tome LSD/ Contestação permanente/ Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo /Deus é um escândalo, um escândalo que rende. Baudelaire /Criatividade Espontaneidade Vida/ A morte é necessariamente uma contra-revolução /A vontade geral contra a vontade do general/ A insolência é a nova arma revolucionária/ A liberdade é a consciência da necessidade/ Abaixo o orientalismo neo-exótico /Meus desejos são a realidade/ Sonho ser um imbecil feliz /Sejam realistas, exijam o impossível/ A imaginação no poder/ Liberdade da Universidade.Não ao totalitarismo /Viver no presente/ A Revolução deve parar de ser para EXISTIR /A Sorbonne será a Stalingrado da Sorbonne/ Exagerar, eis a arma /Roma... Berlim... Madrid... Varsóvia... Paris/ A arte morreu. Godard nada poderá fazer [ Nota: algumas dessas frases são releituras de textos anarquistas e socialistas ]
Saqueado à porrada (risos) do Balaio Porreta
de Moacy Cirne.
Gostaria de acrescentar outra frase encontrada nos muros de Paris:
quanto mais eu faço amor mais eu tenho vontade de fazer a revolução, quanto mais eu faço a revolução mais eu tenho vontade de fazer amor (em Paris 1968, As Barricadas do Desejo, Olgária Matos, coleção Tudo é História. Ed. Brasiliense).