quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

punk/pós-punk

Fellini - banda pós-punk

Na postagem anterior citei a expressão "pós-punk" mas disse que não me perguntassem o que significa isso. Fiquei com receio de ter sido antipática mas a verdade é que não gosto da expressão porque me soa vaga demais. Dá a impressão que inclui tudo o que ocorreu depois do punk ou, pior ainda, como se fosse um movimento que o negasse (e o nega, em parte).

De fato, acho que o punk criou uma linha divisória dentro do rock, tipo um AP/DP (antes do punk /depois do punk). Se o rock já tinha uma postura contestatória e contra-cultural, o punk chegou pra dizer que tudo era uma bosta e mandou todo mundo se foder. Era niilista por natureza. Era sujo, no som e na aparência. Talvez entre as bandas punks da década de 70, o The Clash tenha sido a que mais enriqueceu o gênero, dialogando com ritmos como o ska, o reggae e até o jazz. Além disso, com seu ativismo de esquerda, o The Clash trouxe lucidez ao punk e mostrou que toda aquele ódio devia ser organizado.

Mas em determinado momento aquela punkadaria toda cansou e trouxe consigo uma dose de melancolia. Era o que se denominou o pós-punk dos anos 80. Que mantinha certa postura punk, só que agora mais elaborada, buscando até uma certa poesia. U2, The Cure, Bauhaus, Joy Division, entre outras, são bandas pós-punk. Aqui no Brasil os exemplos são Legião Urbana, Plebe Rude, Titãs, Ira! entre outras menos populares, incluindo o Fellini.

É isso, não sou tão conhecedora de pop-rock, tampouco de punk/pós-punk para continuar discorrendo sobre o assunto. Até porque quanto mais escrevo mais sinto que preciso explicar. Só escrevi esta postagem porque não queria deixar vocês "voando". Mas talvez alguns de vocês já soubessem o que é pós-punk, não?

Segue outra música do Fellini, Teu Inglês. Estou matando a saudade dessa banda...




Teu Inglês


Washington acha engraçado o teu inglês?
please, come back
Se o mundo explodir em pedaços outra vez
please, come back
Eu só vejo o Oeste selvagem na TV
(please...)
E passeio no aeroporto sem ninguém



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Chico Science e Cadão Volpato

Chico Science não necessita de apresentações, eu creio (ou será que superdimensiono sua fama?). Quanto ao Cadão Volpato acho que devo apresentar. Cadão, além de jornalista e escritor, é  letrista e vocalista do Fellini, banda paulista, pós-punk (não me perguntem o que isso significa), dos anos 80 que Chico Science e Fred Zero Quatro curtiram um bocado (eu também!).

Em 1992 Cadão formou outra banda com a cantora Stela Campos e mais dois integrantes do Fellini: a Funziona Senza Vapore, banda que não durou nem um ano, mas uma cópia doméstica das gravações do disco, em fita cassete, chegou ao Recife pelas mãos da Stela que a apresentou a Chico Science. Essa cassete tinha a música Criança de Domingo (Cadão Volpato - Ricardo Salvagni) gravada posteriormente por Chico Science & Nação Zumbi no disco Afrociberdelia (1996).



Essa música (linda!), por uma infeliz coincidência, tem os seguintes versos: "Eu sábado vou rodar/ criança de domingo/ sem saber guiar/criança de domingo...". Digo infeliz porque foi num domingo que Chico sofreu o acidente fatal enquanto dirigia o carro de sua irmã.

No ano seguinte à morte de Chico, o Fellini veio ao Recife tocar no Festival Rec-beat que acontece todos os anos em pleno carnaval recifense, e Cadão Volpato cantou uma das músicas que eu mais gosto do Fellini, dedicando-a a Chico Science. A música era Zum Zum Zum Zazoeira do disco 3 Lugares Diferentes (1987) que em seus primeiros versos diz:"Quando eu morrer/ uma nuvem de pó vai me suceder...". E mais adiante: "lá no Fundão/ morre mais um amigo do coração...". 

Eu estava lá e enchi os olhos d'água... Não era mais pra chorar, afinal Fellini é uma banda cheia de humor nonsense, um humor fino. Mas, naquela ocasião, fiquei com um nó na garganta...



Ah, ouçam as músicas em volume máximo! Ou, melhor ainda, com fone de ouvido.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

serviço de utilidade blogueira

Querid@s,

Vocês que acompanham meu blog devem ter percebido que acrescentei um recurso (um widget) a mais dentro das postagens. Trata-se do LinkWithin, que divulga postagens antigas de modo aleatório: "poderá também gostar de". Descobri  no ano passado no blog do César S., o aNImOtAchei bacana porque é outra forma de recuperar - assim como os marcadores - postagens antigas.

Tod@s nós temos boas postagens que estão guardadas lá no fundo do baú dos nossos blogs e que dificilmente seriam lidas por novos leitores, a não ser os muito curiosos ou do tipo arqueológo (risos) que cascavilha arquivos antigos.

Pois bem, não tinha a menor idéia de como aplicar esse recurso ao meu blog. Até que nesta semana, visitando o aNImOt, percebi que tinha um linkizinho bem clarinho logo abaixo e à direita desse widget. Fui lá e pimba! Cheguei ao sítio que explica como funciona o aplicativo.

Se alguém tiver interesse em colocá-lo em seu blog faça o seguinte: clique aquivocê vai cair direto no tal sítio (o LinkWithin). À direita tem um espaço pra você colocar seu emeio, URL do blog e a plataforma que utiliza (blogger, wordpress...), depois clique em "get widget". Daí por diante surgirão mais duas páginas pra você continuar o processo de instalação: facinho facinho!


Espero ter sido útil.
Té mais!

PS:  Além de editar um ótimo blog (aNImOt), César também dá umas dicas de utilidade blogueira. Hoje mesmo, pela manhã, ele publicou uma postagem na qual ensina como colocar o botão do facebook no blog. Não tenho facebook mas quem tem pode aproveitar a dica.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

José & Pilar



Assisti sábado passado. Um belo filme sobre a relação de José Saramago (falecido em junho de 2010) e sua mulher, Pilar del Rio, e sobre seu livro A Viagem do Elefante (ainda não o li). Um filme que emociona sim mas também faz rir: Saramago, com todo seu pessimismo com relação ao futuro da humanidade, tem um ótimo humor (às vezes lembra meu pai...). Pensando bem acho que pessimistas têm repertório pra muito humor, humor inteligente e irônico.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ainda sobre amor

"Amar não desapaixona. Um não tira o lugar do outro. Amar é terminar, paixão é começar: nunca terminar de começar."


Fabrício Carpinejar (twitter)














O Carpinejar também tem um blog linkado aí ao lado, eu recomendo.

embalo amoroso

Essa música era pra embalar a postagem de ontem mas aí me lembrei de Grito de Alerta do Gonzaguinha...
Bem, acho que ainda dá tempo de embalar, né?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

da nossa incompetência amorosa

Arte de Egon Schiele

Amor que se aceita imperfeito nunca que se acaba. Acredito nisso, ou tento acreditar. Venho diminuindo minhas ilusões a cada amor que dá e passa. Um dia acreditei que um amor podia durar pra sempre, lindo e perfeito. Hoje, mais lúcida, aposto na imperfeição, num rascunho amoroso que nunca dá tempo de passar a limpo. E que permanece imperfeito, inacabado, como uma obra em construção. 


Já errei e tropecei um bocado nessa trilha cheia de pedras e abismos chamada amor. Difícil discernir o que realmente acontece aos casais, mas cada vez que analiso os relacionamentos amorosos, meus e de pessoas próximas, vou me convencendo que o maior problema do amor reside no fato da gente exigir demais dele. Como se ele tivesse que ser sempre aquele paraíso luxuriante dos primeiros encontros apaixonados. Como se o amor não fosse como a vida, cheia de altos e baixos. 

Quando o tesão diminui: ops, acho que estamos com problemas. Sim, problemas, sempre eles. A vida dá trabalho e traz aborrecimentos. Mas a falta de tesão é precipitadamente interpretada como sintoma de crise na relação: "sem tesão não há solução". E o veredito final: nosso amor está morrendo. Lamentável essa sentença de morte. Definitivamente o romantismo  não sabe separar sexo de amor. Quem disse que o amor tem que ser erótico o tempo todo? 


Pois bem, nessas análises equivocadas acabamos por descuidar do amor. Acreditamos que se trata de uma entidade auto-suficiente que surge como um milagre e desaparece sem dar explicações. Assim nos abstemos de toda responsabilidade pelo seu fracasso sem, contudo, deixar de sentir aquela pontinha de culpa alfinetando a consciência. Além disso - e por isso - cultivamos um desejo imaturo de que o onipotente amor nos salve de tudo: do tédio, da melancolia, dos problemas, do desemprego, do salário que atrasou, do vizinho chato, do patrão exigente, do caloteiro, do político corrupto, do aumento da conta de luz, da falta d'água, da falta de libido. Ufa, assim não tem amor que aguente! Mas quem se habilita a salvar o amor?

Vivemos em uma sociedade extremamente hedonista. E como a vida tem essa mania um tanto sádica de nos maltratar, queremos sempre muito prazer e no vício de gozo descartamos facilmente aquilo (ou aquele/a) que não nos oferece ou deixou, temporariamente, de nos oferecer prazer. As relações têm sido regidas por interesses egoístas. O narciso só "ama" quem lhe dá prazer. Quase ninguém suporta quem pensa (e sente) um pouco diferente, tampouco suporta a melancolia, nem a própria, nem a do outro. Pressinto que se a humanidade continuar nesse caminho não haverá futuro suportável, o ar que circulará entre as pessoas se tornará asfixiante, e do amor, que se queria pra sempre, restará tão somente uma sombra de semblante descaído.


PS: Esse texto, além de conciso, é bastante superficial: falar de amor não é tarefa fácil...

"São tantas coisinhas miúdas
Roendo, comendo
Arrasando aos poucos
Com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
De gritos e gestos
Num jogo de culpa
Que faz tanto mal..."
(Grito de Alerta, Gonzaguinha)